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2023
São Paulo, SP

Autores:
Silvio Sguizzardi
Marcio Novaes Coelho Jr.
Ana Marta Ditolvo

Colaboradores:
Vinícius Mamelli Cossovan

Colaboradores estudantes estagiários:
Fernanda Silva
Gabriela Dominguez Seloto
Luigi Miguel
Thiago Santos de Oliveira
Vitoria Vertoni

Concurso Sede CAU SP

A nova sede do CAU/SP representa a oportunidade de consolidar a imagem, atuação e relevância do Conselho e de seus valores junto à sociedade em pleno centro histórico da cidade. Para tanto, o antigo Edifício XV de Novembro, projetado e construído pelo escritório Ramos de Azevedo em 1920, que passou por profundas ampliações e alterações ao longo do tempo, deve se consolidar como referência na paisagem urbana, por meio de sua fachada restaurada, de seu térreo livre aberto ao público e de um novo coroamento, delicado, harmonioso e sutil, mas que identifica o novo uso e a sua contemporaneidade.
A fim de oferecer melhores e mais adequadas condições de uso dos espaços internos, foi, inicialmente, analisada a sua estruturação espacial e a qualidade construtiva e de salubridade das ampliações realizadas. Em função da ocupação quase total do lote, foi constatada a precariedade de iluminação e ventilação dos ambientes e uma circulação ineficiente, uma vez que escadas e elevadores se concentram na extremidade posterior da planta, obrigando o usuário a percorrer o edifício em todo o seu sentido longitudinal. Assim, como estratégia de intervenção, propomos a demolição das construções espúrias encontradas no fundo do lote e na cobertura, e da antiga escada que não atende às normas vigentes, bem como a abertura de um vazio interno central atravessando o prédio, de modo a possibilitar a iluminação natural e ventilação cruzada, sendo ali posicionada uma nova escadaria atirantada, oferecendo circulação mais ágil e interessante para o uso cotidiano. A redução da área construída não compromete a acomodação do programa, garantido com o aproveitamento integrado dos espaços e pelas novas lajes dos últimos andares.
No pavimento térreo, transformado em praça pública, a escada se transforma em banco, arquibancada, púlpito, palco, local de encontro, espera, contemplação, socialização e eventos, local por excelência de contato direto entre o Conselho e a comunidade. Nos pavimentos superiores, o programa é organizado em torno dessa nova circulação vertical transversal e do eixo longitudinal junto aos elevadores, beneficiado pelas novas janelas da fachada posterior. Acima, encontram-se os espaços de uso restrito dos funcionários e a laje técnica na cobertura. Coroando o edifício, com vista interna do frontão, está o Plenário, espaço coletivo e nobre, com terraço externo e vista para o entorno. Elevando-se sobre a fachada principal, um novo elemento arquitetônico, uma aba em balanço, busca o alinhamento do gabarito dos edifícios vizinhos junto à rua, caracterizando sutil e delicadamente a intervenção contemporânea no bem tombado.
O projeto de conservação e restauro da fachada tombada da edificação é parte fundamental do projeto de intervenção, garantindo a salvaguarda dos valores tipológicos, materiais e estéticos do bem patrimonial, elemento compositivo da paisagem urbana do centro histórico de São Paulo, das relações visuais e de ambiência do lugar. Deverá atender à metodologia técnica específica de forma a garantir o reconhecimento do objeto em seus pormenores necessários à compreensão do edifício como uma unidade potencial e facilitando sua identificação no ambiente urbano consolidado.
O objetivo do restauro e da proposta de intervenção é fomentar, através de uma arquitetura de respeito e qualidade, o envolvimento da comunidade, a fim de sensibilizar as relações de memória, pertencimento e identidade com a cidade, favorecendo um processo de conservação contínua dentro de uma perspectiva de um presente histórico.
Restaurado e adaptado ao novo uso, reinserido e ressignificado na paisagem urbana, o bem tombado cumpre a sua função social como polo ativo da vida da cidade, desempenhando todo o seu potencial como a Casa da Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.