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2022

São Paulo

Autores:
Ana Marta Ditolvo
Eduardo Argenton Colonelli
Marcio Novaes Coelho Jr.

Colaborador:
Arthur dos Santos da Silva

Colaboradores estudantes estagiários:
Fernanda Silva
Luigi Miguel
Thiago Santos de Oliveira
Vitoria Vertoni
Yannick Kablan

Memorial dos Aflitos

A criação do Memorial dos Aflitos, no Sítio Arqueológico Cemitério dos Aflitos, bairro da Liberdade, São Paulo, representa uma oportunidade única e fundamental de reparação histórica a grupos sociais sistematicamente excluídos da história oficial da cidade, em especial, a população negra e indígena.
O estreito e longo terreno onde será construído, resultante do loteamento do antigo cemitério, situa-se estrategicamente adjacente à sua pequena Capela, único remanescente preservado do conjunto original, inaugurado em 1775 pela mitra diocesana e desativado em 1858.
Concebemos esse novo lugar de memória como um percurso contínuo, que inclui o Beco dos Aflitos, o adro da Capela e atravessa livremente o lote até a calçada da Rua Galvão Bueno, vencendo o aclive de quatro metros entre uma extremidade e outra. Dalí, será possível novamente avistar a torre da Capela, elemento que norteia e estrutura toda a organização das atividades e de circulação necessárias.
Assim, são criadas duas pequenas praças de acesso: uma, na cota mais baixa, ao redor da Capela, hoje sufocada por construções, oferecendo-lhe respiro e o devido destaque visual; outra, na mais alta, junto à Galvão Bueno, como espaço de transição entre o ambiente urbano agitado e ruidoso e o espaço interno contemplativo e reverente.
Buscando construir um espaço mais rico, diverso, autêntico e instigante, três elementos fundamentais da obra devem ser objetos de intervenções a serem desenvolvidas por artistas convidados: o desenho do piso que atravessa o Beco e o Memorial; um oratório externo dedicado a Chaguinhas no local do antigo velário; e, um mural a ser instalado na fachada da Galvão Bueno, anunciando o significado profundo daquele lugar. Tais contribuições podem ser expressas por meio de grafismos ou de representação pictórica da história do local, preferencialmente com uso de materiais tradicionais da arquitetura vernacular, como terra, pedra, madeira, metal.
Por seu papel potencialmente transformador e educativo, de identidade e memória coletiva, o Memorial dos Aflitos será um marco na história da cidade e da nossa sociedade.