A nossa proposta para o Concurso Público de Arquitetura da Sede do IAB/DF + CAU/BR
Brasília surge de uma abstração geométrica e simbólica: o cruzamento perpendicular entre dois eixos, que marcam e definem o território, a partir dos quais a cidade é desenhada de forma racional e utópica, em toda a sua complexidade e contradições.
A sede das duas principais instituições de Arquitetura e Urbanismo do país, o Instituto de Arquitetos do Brasil e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, ganha espacialidade a partir da representação poética deste conhecimento fundamental da criação arquitetônica, a geometria, adotada como partido arquitetônico, aplicada de forma precisa, sem concessões, elemento ordenador, expressão do desejo de transformação do mundo pelo homem.
A volumetria gerada, duas lâminas gêmeas dispostas lado a lado no sentido longitudinal do lote, surge da compreensão da equidade entre as instituições, acomodando sem hierarquia as atividades de cada uma. Assim, o programa de necessidades se desenvolve de forma clara e didática, facilitando a orientação do visitante ao local.
O pavimento térreo se configura como uma grande praça, abrigando os usos de interesse público, de convivência e socialização dos funcionários das instituições, proporcionando a rica e saudável interação entre todos os usuários do edifício. Nos pavimentos inferiores, encontram-se os espaços culturais, o estacionamento, as áreas técnicas e de serviço. Nos superiores, os escritórios com planta livre de interferências e, portanto, total flexibilidade de aproveitamento, e o Plenário. No terraço, salas de reuniões, o bar e o restaurante, oferecendo a vista para o Lago Paranoá. A circulação vertical é comum às duas instituições.
A racionalidade estrutural, baseada na simplicidade construtiva e complexidade espacial, prevê o emprego de poucos componentes portantes, pré-moldados, familiares às indústrias locais de construção, proporcionando economia de recursos e tempo. A estrutura modular se torna textura, superfície, massa, cheios e vazios, o espaço sensorial habitado, desempenhando papel fundamental na conformação da volumetria e na organização funcional do edifício, desenhando o espaço e, concluindo em si a tríade vitruviana. Como os bons exemplos da Capital Federal, quando a estrutura estiver concluída, o prédio estará praticamente pronto.
Da mesma forma, as vedações, também modulares, apresentam apenas três variáveis: painel cimentício cego; caixilho de alumínio simples e caixilho de alumínio protegido por brises para as fachadas com maior incidência solar. São ainda dotados de bandeja de luz, com o intuito de proporcionar melhor distribuição de iluminação natural indireta aos espaços internos e proporcionar maior eficiência energética da edificação.
O espelho d’água no terraço ao fundo refresca os espaços internos, umidificando os ventos sudeste, recebendo águas pluviais, que são então direcionadas a cisternas.
A praça central semi-coberta – um grande vazio com volume igual ao das lâminas construídas – continuidade do espaço público que adentra o edifício, propicia a formação de um micro-clima ameno e agradável, protegendo o usuário do forte sol do Planalto Central, tornando-se extensão das áreas de trabalho, local aprazível de providenciais encontros fortuitos, descanso e lazer, inspirada na arquitetura da Cidade Inventada de Lúcio Costa, intrinsecamente impregnada do espírito de liberdade, fruição e descoberta de seu Plano Piloto.